Conhece-te a ti mesmo

“Conhece-te a ti mesmo”, este é o lema que Sócrates cifra em toda sua vida de sábio. Conhecer-se quer dizer, antes de tudo, ter consciência da própria ignorância e, portanto, necessidade de superá-la.

Na semana do Natal, estava planejando, junto com uns amigos, um amigo oculto. Logo após todos terem tirado o seu papelzinho, uma amiga nossa levantou e disse:
- Que fique bem claro que não aceito flores, bombons, bijuterias, ou qualquer coisa do tipo. Eu sempre dou presentes bons e desejo da mesma forma receber.
Muitos de nós retiramos o principal desígnio das coisas, como citado nesse exemplo o Natal, em que o objetivo não é receber um admirável presente, mas sim doar, fazer uma boa ação... no caso desse amigo oculto, saber o que nosso próximo poderia falar de nós, pois é muito prazeroso ouvir o quanto você é importante pra alguém, seja acompanhado de um bom presente ou não.
Desde pequenos somos alimentados por sentimentos de busca, de satisfações pessoais, crescemos num ambiente extremamente consumista, onde presentes parecem contratos, onde o ter se sobrepõe ao ser.
Um paradoxo a esse foi o que eu vivi ontem. Estava passando em frente à Praça Milton Campos, quando um amigo me disse:
- Nossa Tata, eu queria tanto ter vindo aqui pra essa festa.
Eu olhei pra um lado e pro outro... não havia ninguém na praça, se tivesse apenas o nosso carro passando era muito...rsrs, não sabia de que festa ele estava falando, na minha ignorância perguntei.
- Que festa? Não está tendo nada aqui!
E ele disse: - As luzes de Natal que estão enfeitando toda praça...
Está cada vez mais difícil priorizar o lado humano (quero dizer, nem sei mais se ser humano é oposto de fútil). Não nos sobra tempo para apreciar, ou até mesmo perceber a beleza ao nosso redor, que seja uma simples iluminação de Natal, um poema, uma melodia, um sorriso...
Queremos sempre coisas concretas, que nos ensoberbece e nos faz sentir melhores que o outros. É engraçado que, quando as pessoas têm coisas antigas, querem trocar por novas, e quando conquistam as novas, querem colecionar as antigas rsrs. Isso vem apenas demonstrar o modo como vivemos, os valores que cultuamos dependem apenas de nosso ponto de vista e devemos ter consciência de que talvez, estejamos buscando o que já nos pertence.

Isto é meu

ISTO É MEU

O ideal de beleza que eu persigo, isto é meu e morrerá comigo.
O que houve, o que há, o que haverá de mim para contigo, isto é meu e morrerá comigo.
A mágoa que não conto ao mais dileto amigo, isto é meu e morrerá comigo.
O remorso de ser joio entre o trigo, isto é meu e morrerá comigo.
O que me dilacera e finjo que não ligo, isto é meu e morrerá comigo.
O que hei de levar para o derradeiro abrigo, isto é meu e morrerá comigo.
O que eu quero que escrevam em meu jazigo, isto é meu e viverá comigo.

Habanera

HABANERA - Ópera Carmen
Georges Bizet

"L'amour est un oiseau rebelle
Que nul ne peut apprivoiser (...)"
"O amor é um pássaro rebelde
Que não se pode aprisionar (...)"

A Lista

Ouvi essa canção através de uma pessoa que admirava muito. Naquele época talvez essa letra não tivesse me imprecionado tanto como agora...

A Lista
Oswaldo Montenegro

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?